ÉTICA POLÍTICA, MORAL E CIDADANIA: UMA LIÇÃO DOS CLÁSSICOS
POLITICAL ETHICS, MORALITY AND CITIZENSHIP: A LESSON FROM ANTIQUITY
Marília P. Futre Pinheiro
RESUMO
Os antigos Gregos e Romanos encaravam as relações entre a ética e a política no âmbito de um extenso e vasto projecto educativo. Para eles, as instituições
políticas e a acção governativa tinham como principal objectivo alcançar a virtude
através da educação. O seu pensamento político era, pois, de natureza pragmática,
porque teve, desde as suas mais antigas origens, como principal preocupação a
educação dos cidadãos e o aperfeiçoamento do seu carácter, como ingrediente
chave para a sua realização individual e colectiva dentro da polis. Para Aristóteles, a virtude não se alcança através do conhecimento, mas através da prática. As
virtudes, diz ele, são hábitos que adquirimos através da exercitação e da prática.
Aristóteles estava consciente de que as actividades ligadas ao funcionamento da
polis e que eram responsáveis pela felicidade individual dependiam da aquisição de
um conjunto de hábitos e valores. Assim, ele insiste que a socialização (ethismos) e
a educação (paideia) deveriam constituir as principais preocupações do legislador.
O mais nobre dos objectivos a atingir é, por conseguinte, o bem comum (koinon)
da comunidade política (koinônia), cuja estabilidade é reforçada pelo espírito de
união que liga os cidadãos.
Palavras-chave
Ética política. Moral. Cidadania. Paideia. Aretê.
Texto completo
Referências
Aalders, G. J. D. 1975. Political Thought in Hellenistic Times, Amsterdam: Adolf M. Hakkert.
Amaral A. C. e Gomes, C. C. (trad.) 1998. Aristóteles. Política, Lisboa: Vega.
Balot, R. K. (ed.) 2013. A Companion to Greek and Roman Political Thought, Chichester/ Malden, MA: Wiley-Blackwell.
Balot, R. K. 2013. ‘Introduction: Rethinking the History of Greek and Roman Political Thought’, in: R. K. Balot (ed.), 3-19.
Breyfogle, T. 2013. ‘Citizenship and Signs: Rethinking Augustine on the Two Cities’, in: R. K. Balot (ed.), 501-526.
Brown, E. 2013. ‘False Idles. The Politics of the “Quiet Life”’, in: R. K. Balot (ed.), 485-500.
Caeiro, A. C. (trad.) 20124 . Aristóteles. Ética a Nicómaco, Lisboa, Quetzal (1ª ed. 2004).
Dapew, D. J. 2013. ‘The Ethics of Aristotle’s Politics’, in: R. K. Balot (ed.), 399-418.
Ferguson, J. 1975. Utopias of the Classical World, Ithaca – New York: Cornell University Press.
Futre Pinheiro, M. P. 2006. ‘Utopia and Utopias: a Study on a Literary Genre in Anti- quity’, in: S. N. Byrne, E.P. Cueva, J. Alvares (eds.), Ancient Narrative. Authors, Authority, and Interpreters Ancient Narrative Supplementum 5, Groningen, Barkhuis Publishing and Groningen University Library, 147-171.
Giangrande, L. 1976. ‘Les Utopies Hellénistiques’, CEA 5, 17-33.
Gómez-Pantoja, J. L. 19922 . ‘El Mediterraneo: Influencias e Interacciones de un Paisage’, in: F. J. Gómez Espelosín, y J. Gómez-Pantoja (eds.), Pautas para una Seduccion. Ideas y materiales para una nueva asignatura: Cultura clásica, Madrid: Universidad de Alcalá de Henares– Ediciones Clásicas, 53-61.
Hadas, M. 1959. Hellenistic Culture. Fusion and Diffusion, New York: Columbia University Press.
Hedrick, Jr, Ch. W. 2013. ‘Imitating Virtue and Avoiding Vice. Ethical Functions of Bio- graphy, History, and Philosophy’, in: R. K. Balot (ed.), 421-439.
Lane, M. 2014. Greek and Roman Political Ideas: A Pelican Introduction, London: Pelican.
Mossé, C. 1969. ‘Les utopies égalitaires à l’époque hellénistique’, RH CCXLI, Avril-Juin, 297-308.
Raaflaub, K. A. 2013. ‘Early Greek Political Thought in its Mediterranean Context’, in: R. K.
Balot (ed.), 37-56.